Olá, queridos alunos do 9º ano!
Vamos fazer uma revisão de figuras de linguagem?
Figuras de
linguagem
As figuras de linguagem são
recursos linguísticos a que os autores recorrem para tornar a linguagem mais
rica e expressiva. Esses recursos revelam a sensibilidade de quem os utiliza,
traduzindo particularidades estilísticas do emissor da linguagem. As figuras de
linguagem exprimem também o pensamento de modo original e criativo, exploram o
sentido não literal das palavras, realçam sonoridade de vocábulos e frases e até mesmo,
organizam orações, afastando-a, de algum modo, de uma estrutura gramatical
padrão, a fim de dar destaque a algum de seus elementos. As figuras de
linguagem costumam ser classificadas em figuras de som, figuras de construção e figuras de palavras ou semânticas.
Para dominarmos o uso
das figuras de linguagem de maneira correta, estudaremos, de modo sintetizado,
os conceitos de denotação e conotação.
Denotação
Ocorre denotação
quando a palavra é empregada em sua significação usual, literal, referindo-se a
uma realidade concreta ou imaginária.
Já é a quinta vez que perco as chaves do
meu armário
Aquela sobremesa estava muito azeda,
não gostei.
Conotação
Ocorre a conotação
quando a palavra é empregada em sentido figurado, associativo, possibilitando
várias interpretações. Ou seja, o sentido conotativo tem a propriedade de
atribuir às palavras significados diferentes de seu sentido original.
A chave da questão é
você ser feliz independente do momento
Margarida é uma mulher azeda,
está sempre de péssimo humor.
Podemos perceber que
as palavras chave e azeda ganham
novos sentidos além dos quais encontramos nos dicionários. O sentido das
palavras está de acordo com a ideia que o emissor quis transmitir. Sendo assim,
a conotação é um recurso que consiste em atribuir novos significados ao sentido
denotativo da palavra.
Figuras de som ou sonoras
As figuras de som ou
figuras sonoras são aquelas que se utilizam de efeitos da linguagem para
reproduzir os sons presentes nos seres. São as seguintes: aliteração,
assonância, paronomásia e onomatopeia.
Aliteração: consiste na repetição
ordenada de mesmos sons consonantais.
“Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando...Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito”.
(Guimarães Rosa)
Assonância: consiste na
repetição ordenada de mesmos sons vocálicos.
“O que o vago e incógnito desejo/de ser eu
mesmo de meu ser me deu”.
(Fernando Pessoa)
Paronomásia: consiste na
aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos.
“Conhecer as manhas e
as manhãs/ O sabor das massas e das maçãs”.
(Almir Sater e Renato Teixeira)
Onomatopeia: consiste na criação
de uma palavra para imitar sons e ruídos. É uma figura que procura imitar os
ruídos e não apenas sugeri-los.
Chega de blá-blá-blá-blá!
É importante destacar que a existência de uma figura de linguagem não exclui outras. Em um mesmo texto podemos encontrar aliteração, assonância, paronomásia e onomatopeia.
Figuras de construção ou sintaxe
As figuras de
construção ou figuras de sintaxe são desvios que são evidenciados na construção
normal do período. Elas ocorrem na concordância, na ordem e na construção dos
termos da oração. São as seguintes: elipse, zeugma, pleonasmo, assíndeto,
polissíndeto, anacoluto, hipérbato, hipálage, anáfora e silepse.
Elipse: consiste na omissão
de um termo facilmente identificável pelo contexto.
Na sala, apenas quatro ou cinco
convidados. (omissão de havia)
Zeugma: ocorre quando se
omite um termo que já apareceu antes. Ou seja, consiste na elipse de um termo
que antes fora mencionado.
Nem ele entende a nós, nem nós a ele. (omissão do
termo entendemos)
Pleonasmo: é uma redundância
cuja finalidade é reforçar a mensagem.
“E rir meu riso e derramar meu
pranto....” (Vinicius de Moraes)
Assíndeto: é a supressão de um
conectivo entre elementos coordenados
“Todo coberto de medo, juro, minto,
afirmo, assino.” (Cecília Meireles)
Acordei, levantei, comi, saí,
trabalhei, voltei.
Polissíndeto: consiste na
repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do período.
“...e planta, e colhe, e mata, e
vive, e morre...” (Clarice Lispector)
Anacoluto: consiste em deixar
um termo solto na frase. Isso ocorre, geralmente, porque se inicia uma
determinada construção sintática e depois se opta por outra.
“Eu, que me chamava de amor e
minha esperança de amor.”
“Aquela mina de ouro, ela não
ia deixar que outras espertas botassem as mãos.” (Camilo Castelo Branco)
Os termos destacados
não se ligam sintaticamente à oração. Embora esclareçam a frase, não cumprem
nenhuma função sintática nos exemplos.
Hipérbato ou
Inversão: consiste no deslocamento dos termos da oração ou das orações no
período. Ou seja, é a mudança da ordem natural dos termos na frase.
São como cristais suas lágrimas.
Batia acelerado meu coração.
Na ordem direta, as frases dos exemplos
expostos seriam:
Suas lágrimas são como cristais.
Meu coração batia acelerado.
Anáfora: é a repetição da
mesma palavra ou expressão no início de várias orações, períodos ou versos.
“Tudo é silêncio, tudo calma, tudo
mudez.” (Olavo Bilac)
Silepse: ocorre quando a
concordância se faz com a ideia subentendida, com o que está implícito e não
com os termos expressos. A silepse pode ser:
De gênero:
Vossa excelência é pouco conhecido. (concorda com a
pessoa representada pelo pronome)
De número:
Corria gente de todos os lados, e gritavam. (gente dá
ideia de plural, gritavam concorda com “gente”)
De pessoa
Os brasileiros somos bastante otimistas. (brasileiros dá ideia de nós (1º p. do plural) somos, 1º p. do plural “concorda” com “somos”)
Figuras de palavras ou semânticas
Consistem no emprego
de uma palavra num sentido não convencional, ou seja, num sentido conotativo.
São as seguintes: comparação, metáfora, catacrese, metonímia, antonomásia,
sinestesia, antítese, eufemismo, gradação, hipérbole, prosopopeia, paradoxo,
perífrase, apóstrofe e ironia.
Comparação ou
símile: ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois
elementos que se identificam, ligados por nexos comparativos explícitos,
como tal qual, assim como, que nem e
etc. A principal diferenciação entre a comparação e a metáfora é a presença
dos nexos comparativos.
“E flutuou no ar como se
fosse um príncipe.” (Chico Buarque)
Metáfora: consiste em
empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação
de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. Na metáfora
ocorre uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.
“Meu pensamento é um rio
subterrâneo”. (Fernando Pessoa)
Catacrese: ocorre quando, por
falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro por
empréstimo.
Ele comprou dois dentes de alho para
colocar na comida.
O pé da mesa estava
quebrado.
Não sente no braço do sofá.
Metonímia: assim como a
metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que
usualmente significa uma coisa passa a ser utilizada com outro sentido. Ou
seja, é o emprego de um nome por outro em virtude de haver entre eles algum relacionamento.
A metonímia ocorre quando se emprega:
A causa pelo efeito: vivo do
meu trabalho (do produto do trabalho = alimento)
O efeito pela causa: aquele
poeta bebeu a morte (= veneno)
O instrumento pelo usuário: os microfones corriam no pátio (= repórteres).
Antonomásia: É a figura que
designa uma pessoa por uma característica, feito ou fato que a tornou notória.
A cidade eterna (em vez de
Roma)
Sinestesia: Trata-se de
mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos sensoriais.
Um doce abraço ele
recebeu da irmã. (sensação gustativa e sensação tátil)
Antítese: é o emprego de
palavras ou expressões de significados opostos.
Os jardins têm vida e morte.
Eufemismo: consiste em atenuar
um pensamento desagradável ou chocante.
Ele sempre faltava com a verdade (= mentia)
Gradação ou clímax: é uma sequência de
palavras que intensificam uma ideia.
Porque gado a gente marca,/ tange, ferra, engorda e mata,/
mas com gente é diferente.
Hipérbole: trata-se de
exagerar uma ideia com finalidade enfática.
Estou morrendo de
sede!
Não vejo você há séculos!
Prosopopeia ou personificação: consiste em
atribuir a seres inanimados características próprias dos seres humanos.
O jardim olhava as
crianças sem dizer nada.
Paradoxo: consiste no uso de
palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas, no contexto
se completam, reforçam uma ideia e/ou expressão.
Estou cego, mas agora consigo
ver.
Perífrase: é uma expressão que designa um ser por meio de alguma de suas
características ou atributos.
O ouro negro foi o
grande assunto do século. (= petróleo)
Apóstrofe: é a interpelação
enfática de pessoas ou seres personificados.
“Senhor Deus dos desgraçados!/
Dizei-me vós, Senhor Deus!” (Castro Alves)
Ironia: é o recurso
linguístico que consiste em afirmar o contrário do que se pensa.
Que pessoa educada!
Entrou sem cumprimentar ninguém.
Referências bibliográficas:
TERRA, Ernani. Minigramática.São Paulo:
Scipione, 2007.
ALMEIDA, Nílson Teixeira de. Gramática
da Língua Portuguesa para concursos. São Paulo: Saraiva, 2009.
Google Classroom – Língua Portuguesa
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