Olá, pessoal!
O QUE É UM SONETO?
Você sabe o que é um soneto? Vamos conhecer a forma poética que encantou Vinicius de Moraes!
Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes foi considerado o poeta dos apaixonados. Nome muito conhecido da Literatura Brasileira, Vinicius foi um de nossos mais carismáticos escritores: seus versos povoam o imaginário popular, e nem é preciso ser grande entendedor de Literatura para apreciar seus poemas. O mais curioso na Literatura desse grande poeta foi o fato de ele ter se apropriado de uma forma antiga de escrever versos, dando a essa forma uma nova vida: Vinicius reinventou a arte de escrever sonetos.
Mas você sabe o que é um soneto? Trata-se de uma composição poética formada por catorze versos, geralmente com dois quartetos (duas estrofes compostas por quatro versos cada) e dois tercetos (duas estrofes compostas por três versos cada). Parece simples, mas o soneto obedece a uma rigorosa métrica: cada um dos catorze versos deve possuir a mesma métrica, isto é, cada um deve apresentar o mesmo número de sílabas poéticas. Geralmente, cada verso apresenta dez sílabas poéticas, por isso recebe o nome de verso decassílabo. Alguns, todavia, são compostos por doze sílabas poéticas, sendo então conhecidos como versos dodecassílabos ou alexandrinos. Ficou em dúvida? Veja como isso funciona observando a escansão do poema:
De/ tu/do ao/ meu/ a/mor/ se/rei/ a/ten/to
An/tes,/ e/ com/ tal/ ze/lo, e/ sem/pre, e/ tan/to
Que/ mes/mo em/ fa/ce/ do/ mai/or/ en/can/to
De/le/ se en/can/te/ mais/ meu/ pen/sa/men/to.
Dois quartetos: Que/ro/ vi/vê-/lo em/ ca/da/ vão/ mo/men/to
(Duas estrofes, quatro versos) E em/ seu/ lou/vor/ hei/ de es/pa/lhar/ meu/ can/to
E/ rir/ meu/ ri/so e/ de/rra/mar/ meu/ pran/to
Ao/ seu/ pe/sar/ ou/ seu/ con/ten/ta/men/to
E a/ssim,/ quan/do/ mais/ tar/de/ me/ pro/cu/re
Quem/ sa/be a/ mor/te, an/gús/tia/ de/ quem/ vi/ve
Quem/ sa/be a/ so/li/dão,/ fim/ de/ quem/ a/ma
Dois tercetos: Eu/ po/ssa/ me/ di/zer/ do a/mor/ (que/ ti/ve)
(Duas estrofes, três versos) Que/ não/ se/ja i/mor/tal,/ pos/to/ que é/ cha/ma
Mas/ que/ se/ja in/fi/ni/to en/quan/to/ du/re.
Como você pôde perceber, cada verso é construído de maneira milimétrica a fim de que possa encaixar-se como decassílabo ou dodecassílabo. Além da métrica, elemento da versificação, outro conceito muito importante para o soneto é a sonoridade, ou seja, o posicionamento das sílabas fortes (ou tônicas) em cada um dos versos. Graças à combinação das sílabas, o soneto ganha sonoridade, por isso que, ao ler, provavelmente você percebeu que o soneto é um texto extremamente melódico, que pode ser facilmente transformado em canção. Aposto que você pode imaginar o trabalho que escrever um soneto pode dar, não é mesmo? Que tal tentar?
*A imagem que ilustra o miolo do artigo é capa do CD A palavra do poeta – Vinicius de Moraes, Gravadora Sony Music.
(Por Luana Castro - Graduada em Letras).
Fonte: https://escolakids.uol.com.br
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