A professora Angélica, de Artes, apresentou aos alunos das turmas 1702, 1703, 1901 e 1902 a obra de Margaret Mee e desenvolveu lindos trabalhos com eles durante suas aulas.
Margaret
Mee e a Ilustração Científica
Laura
Montserrat Silva
Mini-Currículo
Margaret Ursula Mee nasceu em
Chesham, Buckinghamshire, Inglaterra no ano de 1909. Estudou arte na "St.
Martin's School of Art", no "Centre School of Art" e na "Camberwell
School of Art" em Londres, recebendo o diploma de pintura e design em
1950. Em 1952, mudou-se para o Brasil com Greville, seu segundo marido. Passou
então a ensinar arte na Escola Britânica de São Paulo, tornando-se uma
artista-ilustradora botânica pelo Instituto de Botânica de São Paulo em 1958
(Franco, 2007).
A partir de 1964, iniciou a sua
pesquisa nas florestas tropicais brasileiras, em particular a floresta
amazônica, onde realizou várias pinturas de plantas observadas e coletadas na
região. Criou quatrocentas pranchas de ilustrações botânicas em
guache/aquarela, quarenta sketchbooks e quinze diários detalhados, produzidos
entre 1956 e 1988, durante suas expedições. As três publicações mais conhecidas do seu trabalho são “Flowers of the
Brazilian Forests” (1968), “Flowers of the Amazon” (1980) e “In Search of
Flowers of the Amazon Forest” (1988), (Franco, 2007).
Mee morreu na
Inglaterra em 1988, em um acidente de automóvel. Em sua honra foi fundada a
"Margaret Mee Amazon Trust", uma organização para educação e para a
pesquisa e conservação da flora amazônica, promovendo bolsas para estudantes de
botânica e ilustradores botânicos brasileiros que desejam estudar no Reino
Unido ou conduzir pesquisa de campo no Brasil.
Objeto
de Pesquisa
Margaret Mee tinha como grande
objetivo estudar e registrar fielmente a flora brasileira. Após ter se tornado
uma artista-ilustradora botânica pelo Instituto de Botânica de São Paulo em
1958, ela passou a usar o seu conhecimento tanto artístico quanto científico
para retratar com precisão e habilidade os objetos de seu estudo. Além de
realizar uma contribuição para o estudo botânico científico, ela pretendia
armazenar na forma de suas obras o maior número possível de espécies
brasileiras raras de plantas, já que ela possuía o desejo de proteger e conservar
essa flora tão rica que poderia vir a ser esquecida devido ao desmatamento
intenso nos variados biomas brasileiros, sendo os mais atingidos a floresta
atlântica e amazônica. Para tanto, Margaret tentava sempre registrar em suas
obras, além do hábito e forma geral da planta, o ambiente em que ela estava
inserida, com o objetivo de afirmar a ideia de que para cada planta existe um
habitat e condições ambientais específicas, sem as quais ela não poderia
sobreviver, e, portanto, o desmatamento constante que ela observava deveria ser
impedido.
Relação
Arte e Ciência
Margaret Mee fez uma contribuição
significativa para o meio da ciência, pois dedicou sua vida à documentação e à
defesa da biodiversidade da flora brasileira e a conservação de seus ecossistemas
(Franco, 2007). Seus desenhos e pinturas, feitos com grande habilidade e enorme
quantidade de detalhes, foram essenciais para o bom desenvolvimento do
conhecimento botânico no Brasil. Inclusive, algumas das espécies que Mee pintou
em seu habitat natural não tinham sido identificadas ainda, sendo que algumas
delas, como a espécie Neoregelia margareteae, só são conhecidas científicamente
hoje através de suas ilustrações botânicas. Isso se deve provavelmente à
destruição do habitat dessas plantas, levando-as à extinção e deixando apenas
uma imagem de sua existência passada na forma das pinturas de Mee.
A atitude conservacionista de
Margaret Mee está espelhada em seus trabalhos, pois, como dito anteriormente,
Mee se preocupava em ilustrar não somente a planta em si, mas o ambiente
natural em que ela estava inserida, incluindo suas relações com as outras
espécies do local. Mee tinha a intenção de conscientizar, não só os
pesquisadores, mas também a população em geral, de que cada espécie de planta
não deve ser separada de seu habitat, que é essencial para a sua sobrevivência,
e, portanto, o desmatamento deveria ser impedido.
A delicadeza dos desenhos e a
fidelidade de Margaret Mee à natureza são importantes não só para o
desenvolvimento da botânica, mas também preciosas ao estudo das cores, das
formas e da técnica de grafite e aquarela sobre papel (Moreno, 2004). Despertam
o olhar dos artistas plásticos e de pessoas que não tem relação com nenhum dos
meios (seja artístico ou científico). Mee possui várias publicações de seus
trabalhos em livros, muitos organizados por ela própria. Nesses livros
artísticos, vendidos não só no Brasil, mas em vários outros países, se
encontram incontáveis pranchas feitas por Mee em suas viagens, além de até hoje
serem feitas grandes exposições de obras originais, em homenagem à artista.