quinta-feira, 6 de junho de 2019

Margaret Mee e a flora brasileira



     A professora Angélica, de Artes, apresentou aos alunos das turmas 1702, 1703, 1901 e 1902 a obra de Margaret Mee e desenvolveu lindos trabalhos com eles durante suas aulas.



Margaret Mee e a Ilustração Científica 
                                                                                        Laura Montserrat Silva
Mini-Currículo
            Margaret Ursula Mee nasceu em Chesham, Buckinghamshire, Inglaterra no ano de 1909. Estudou arte na "St. Martin's School of Art", no "Centre School of Art" e na "Camberwell School of Art" em Londres, recebendo o diploma de pintura e design em 1950. Em 1952, mudou-se para o Brasil com Greville, seu segundo marido. Passou então a ensinar arte na Escola Britânica de São Paulo, tornando-se uma artista-ilustradora botânica pelo Instituto de Botânica de São Paulo em 1958 (Franco, 2007).
            A partir de 1964, iniciou a sua pesquisa nas florestas tropicais brasileiras, em particular a floresta amazônica, onde realizou várias pinturas de plantas observadas e coletadas na região.  Criou quatrocentas pranchas de ilustrações botânicas em guache/aquarela, quarenta sketchbooks e quinze diários detalhados, produzidos entre 1956 e 1988, durante suas expedições. As três publicações mais conhecidas do seu trabalho são “Flowers of the Brazilian Forests” (1968), “Flowers of the Amazon” (1980) e “In Search of Flowers of the Amazon Forest” (1988), (Franco, 2007).
            Mee morreu na Inglaterra em 1988, em um acidente de automóvel. Em sua honra foi fundada a "Margaret Mee Amazon Trust", uma organização para educação e para a pesquisa e conservação da flora amazônica, promovendo bolsas para estudantes de botânica e ilustradores botânicos brasileiros que desejam estudar no Reino Unido ou conduzir pesquisa de campo no Brasil.

Objeto de Pesquisa

            Margaret Mee tinha como grande objetivo estudar e registrar fielmente a flora brasileira. Após ter se tornado uma artista-ilustradora botânica pelo Instituto de Botânica de São Paulo em 1958, ela passou a usar o seu conhecimento tanto artístico quanto científico para retratar com precisão e habilidade os objetos de seu estudo. Além de realizar uma contribuição para o estudo botânico científico, ela pretendia armazenar na forma de suas obras o maior número possível de espécies brasileiras raras de plantas, já que ela possuía o desejo de proteger e conservar essa flora tão rica que poderia vir a ser esquecida devido ao desmatamento intenso nos variados biomas brasileiros, sendo os mais atingidos a floresta atlântica e amazônica. Para tanto, Margaret tentava sempre registrar em suas obras, além do hábito e forma geral da planta, o ambiente em que ela estava inserida, com o objetivo de afirmar a ideia de que para cada planta existe um habitat e condições ambientais específicas, sem as quais ela não poderia sobreviver, e, portanto, o desmatamento constante que ela observava deveria ser impedido. 

Relação Arte e Ciência
            Margaret Mee fez uma contribuição significativa para o meio da ciência, pois dedicou sua vida à documentação e à defesa da biodiversidade da flora brasileira e a conservação de seus ecossistemas (Franco, 2007). Seus desenhos e pinturas, feitos com grande habilidade e enorme quantidade de detalhes, foram essenciais para o bom desenvolvimento do conhecimento botânico no Brasil. Inclusive, algumas das espécies que Mee pintou em seu habitat natural não tinham sido identificadas ainda, sendo que algumas delas, como a espécie Neoregelia margareteae, só são conhecidas científicamente hoje através de suas ilustrações botânicas. Isso se deve provavelmente à destruição do habitat dessas plantas, levando-as à extinção e deixando apenas uma imagem de sua existência passada na forma das pinturas de Mee.
            A atitude conservacionista de Margaret Mee está espelhada em seus trabalhos, pois, como dito anteriormente, Mee se preocupava em ilustrar não somente a planta em si, mas o ambiente natural em que ela estava inserida, incluindo suas relações com as outras espécies do local. Mee tinha a intenção de conscientizar, não só os pesquisadores, mas também a população em geral, de que cada espécie de planta não deve ser separada de seu habitat, que é essencial para a sua sobrevivência, e, portanto, o desmatamento deveria ser impedido.
            A delicadeza dos desenhos e a fidelidade de Margaret Mee à natureza são importantes não só para o desenvolvimento da botânica, mas também preciosas ao estudo das cores, das formas e da técnica de grafite e aquarela sobre papel (Moreno, 2004). Despertam o olhar dos artistas plásticos e de pessoas que não tem relação com nenhum dos meios (seja artístico ou científico). Mee possui várias publicações de seus trabalhos em livros, muitos organizados por ela própria. Nesses livros artísticos, vendidos não só no Brasil, mas em vários outros países, se encontram incontáveis pranchas feitas por Mee em suas viagens, além de até hoje serem feitas grandes exposições de obras originais, em homenagem à artista.








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Jornal - 12ª edição - setembro 2024